A VIDA DO
ANALFABETO
(em um cordel
de lamento)
Se tem
coisa nesse mundo
Tão
difícil de entender
É vida de analfabeto
- Todo
mundo pode crer
Através
deste cordel
Pra
cumprir nosso papel
Queremos
interceder
Começamos
nossa rima
Jamais
para debochar
De quem
é analfabeto
Porque
não pôde estudar
Se debochar
dessa gente
É
coisa tão deprimente
Capaz
de fazer chorar
Analfabeto
é aquele
Que
não escreve nem ler
E nem
tem concentração
Mesmo
querendo aprender
Vive
só envergonhado
Prefere
viver calado
Pra
poder sobreviver
(02)
Ele é sempre
um subalterno
Sem
destaque nem valor
Cumpridor
de qualquer ordem
Sem
poder se predispor
Só
sabe cumprir horário,
Nunca
ganha bom salário
E tem de
ser lutador
Esse
tipo de pessoa
Parece
não ter cobiça
E
talvez por indolência
Aceita
toda injustiça
Não
liga pra proteção
Só
come arroz com feijão
E faz
que está com preguiça
E de
tão discriminado
Vive
sempre em agonia
Quando
consegue trabalho
Tem
que aceitar ninharia
É
quase irracional
Não
tem vida social
E nem
tem cidadania
(03)
Realmente
analfabeto
É um
ser discriminado
Sempre
tem que suportar
O que
não gosta calado
Quando
fica aborrecido
Não
sabe ficar contido
Mas
sempre fica estressado
Nada
para analfabeto
Nunca
tem grande valor
Ele
cumpre seu dever
Não
sabe ser devedor
Sempre
está preocupado
Não
compra nada fiado
E nem
quer ter fiador
Como
pode minha gente
Já com
tanta evolução
Inda
ter analfabeto
Que pode ser nosso irmão?
Se não
é coisa política
É
coisa pra lá de crítica
Que parece maldição!
(04)
Vejam bem
atentamente
Que
tamanha hipocrisia
O
coitado analfabeto
Inda fizeram
seu dia:
- (O quatorze de novembro)
Para
todos eu relembro:
Eita grande
fantasia!
Dia do
analfabeto
É mais
que demagogia
De
quem quer enxugar gelo
Ou
fazer mais covardia
Esse
pobre sofredor
Além
de ser perdedor
Sofre
muito todo dia
O 14
de novembro
Que
poderia ser flor
É dia
de muita angústia
Vergonha,
luta e clamor
Eu e
João Batista Melo
Sem
carecer de libelo
Concordamos
sim senhor
(05)
Pois com
certeza essa data
É uma provocação
Que um
debochado fez
Pra
provocar reação
Esse
deboche maluco
Virou
coisa de caduco
Que
não merece atenção
O
sofrimento é a luz
Que
guia o analfabeto
O
caminho ele descobre
Se for
maneiro e correto
Se
alguém quer se libertar
Nunca
pare de lutar
E
jamais fique quieto
Mas
preste muita atenção:
Cative
a sua pessoa
Se
declare lutador
E
tenha conduta boa
Fuja
das causas erradas
Recuse
maus camaradas
E não
faça coisa à toa
(06)
Não
precisa divulgar
Que tu
és inteligente
Faça
tudo caladinho
Sem deixar
de olhar pra frente
Aprenda
logo a escrita
E
verás quanto é bonita
Uma
vida independente
Um dia
tu vai sentir
Um
fogo arder no teu peito
Pode
já ficar feliz
Que
teu caso vai ter jeito
Escute
bem a verdade
Pois
se tiver a vontade
Ela
ajuda no teu eito
Corra
atrás do endereço
Da
onde ensinam viver
Quanto
mais você aprende
Mais
queira mais aprender
Faça assim
sem vaidade
Vá
cultivando a vontade
Até um
dia vencer
(07)
O “Bê”
“A” “Ba” é começo
E não
se deve parar
Sempre
vem mais desafios
Para
você superar
E veja
um grande segredo
Não
basta um anel no dedo
Para
se saber votar
Ser
contra analfabetismo
É um
dever social
Ele é
um mal que atinge
Do Servente
ao General
Todo
cidadão de bem
Já
descobriu que convém
Erradicar
esse mal
Veja
que não saber ler
É
apenas um detalhe
Que dificulta
o viver
Sem
impedir que trabalhe
Seja
um sujeito bem vivo
Não
deixe que esse motivo
Na tua
vida atrapalhe
(08)
Após
conhecer as letras
Precisa
conhecer tudo
O mundo
que é muito belo
Também
é bem carrancudo
Às
vezes tem rosto lindo
Parece
até está rindo
Mas
tem coração sisudo
Comece
assinando o nome
Depois
leia o universo
Nunca
pare de estudar
Se
cansar escreva verso
Se o
tempo ficar bicudo
Não
leve a mal, quase tudo;
Tem o
seu lado perverso
Pra
finalizar então
De maneira
singular
Pra
quem é analfabeto
Só nos
resta aconselhar
Não
queira ser um coitado
E
nunca fique calado
Tenhas forças pra lutar!
FIM (Rio de
Janeiro/ago./2019)
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