EM VEZ DE CACHAÇA PREFIRO TIQUIRA
A Cachaça e
a Tiquira
Pra quem
gosta de beber
Tem um quê
controvertido
Mas bem
fácil de entender
Tiquira é
brasileira
Cachaça não fede nem cheira
Mas nisso
não vou me meter
Quem desejar
entender
Essa minha
preferência
E saber mais
de tiquira
Não carece
inteligência
O gostar é
pessoal
E convém ser
informal
Pra não
virar truculência
O que se
aprende bem cedo
Nunca a
gente esquece não
Fica na
cachola da gente
Guardado sem
confusão
Tendo ou não
tendo valor
Como diz o
professor
Será eterna
lição
(02)
A tiquira do
Maranhão
Aguardente
secular
Foi uma
invenção indígena
Bastante
rudimentar
Seu fabrico
artesanal
Feito em
fundo de quintal
Já foi demais popular
Quem
plantava mandioca
Tiquira
também fazia
Fabricar
essa bebida
Qualquer
caipira aprendia
Não bastava
inteligência
Nem tampouco
competência
Mas já foi
grande mania
Essa famosa
aguardente
De raiz tão
brasileira
Que nunca
ficou esquecida
Permanece de
primeira
Com fabrico industrial
Ficou mais
especial
E muito mais
verdadeira
(03)
Tiquira pra
quem não sabe
Pelo dito
popular
Foi pinga de
cabra macho
Que bebia
pra se mostrar
Quanto mais
ele bebia
Mais tiquira
ele queria
De tanto se
embebedar
Essa tão
rara bebida
Ficou tão sofisticada
Onde tinha
antigamente
Hoje não tem
mais nada
Sem querer
fazer fuxico
Virou bebida de rico
Que motiva
até piada
Degustar
essa bebida
Em qualquer
ocasião
Todo mundo
sabe bem
Que cura até traição
De tanto ser
degustada
Se tornou
tão procurada
Que requer
importação
(04)
Tentarei do
melhor jeito
Relembrar o
seu fabrico
Que aprendi no Maranhão
Garanto não
pagar mico
Esse raro
aprendizado
Que eu
guardava bem guardado
Não tem nada
de fuxico
O que irei
então relembrar
É bastante especial
Foi do jeito
que aprendi
Num fabrico
de quintal
Era tudo
improvisado
Bastante
desarrumado
Mas era bem natural
Esse
engenhoso fabrico
Não dava
trabalho não
Só carecia
um Alambique
E um
pequenino galpão
Entender
destilaria
Sem tanta
sabedoria
E ter certa
intuição
(05)
Conhecer a
tal mandioca
Sempre foi um
bom começo
Aprender
fazer biju
Diminuía
também o preço
Não tinha
tanta mão de obra
Carecia
pouca manobra
Sem haver
qualquer tropeço
Um forno bem
caipira
Tinha que
ter afinal
Pra assar
bem o biju
Na sua chapa
de metal
O biju de
tapioca
Da famosa
mandioca
Não tinha
água nem sal
Uma dorna de
madeira
Também não
podia faltar
Pra botar
biju na água
Pra ele
então fermentar
Ao começar
ser pastoso
Exalava
cheiro gostoso
Fazia a
gente se empolgar
(06)
A dorna era
coberta
Pra sujeira
não entrar
Não carecia
ser mexida
Nem mais
nada colocar
Com o vapor
do calor
Como um
vaporizador
Começava a
borbulhar
Nem lembro
de quantos dias
Era a tal
fermentação
Mas esse era
o segredo
Pra melhor
destilação
A mistura
fermentada
Precisava
ser coada
Numa peneira
de mão
Vejam que
coisa bacana:
Depois da
mistura coada
Se botava no
Alambique
Pra fazer a
destilada
Carecendo
mais cuidado
Tinha fogo
controlado
Pra tiquira
ser pingada
(07)
Controle de
qualidade
Era coisa
sem valor
Bastava
sentir o cheiro
Sem carecer
provador
Na hora de
engarrafar
Qualquer um
podia provar
Até mesmo o
comprador
Se não me
falha a memória
Comprador
nunca faltava
Mas fazedor
de tiquira
Também não
se afobava
Trabalhava
qualquer hora
Não ligava
pra demora
O comprador
esperava
Quem sabia
fazer tiquira
Era alguém
bem respeitado
E bastante
autodidata
Sempre muito
dedicado
Onde ele
aparecia
Todo mundo o
conhecia
Mas também
era invejado
(08)
Até hoje
lembro bem
Dum cearense danado
Que
fabricava tiquira
Pra vender
lá no mercado
Era a tal Tiquira Atômica
Que lembrava
a Bomba-atômica
Com seu nome
caricato
Essa tal tiquira
atômica
Se tornou tão
afamada
Só por causa
do seu nome
Que até hoje
é lembrada
Ela além de
barateira
Já era bem
verdadeira
Foi a
branquinha danada
É por isso
que bem digo
Nunca gostei
de mentira
Nem tampouco
de enganar
Quem comigo
se admira
Em vez de
beber cachaça
Mesmo sendo
até de graça
Prefiro beber TIQUIRA.
FIM/JAN/RJ/2019
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