CORDEL
(já é coisa de granfino)
Há quem diga que cordel
Foi coisa lá do sertão
E que só tem serventia
Pra gente sem instrução
Coitado de quem mentiu...
O cordel sempre serviu
PRA AJUDAR NA EDUCAÇÃO
Antes de o Brasil existir
O cordel já existia
Ele veio lá bem de longe
Trazendo sabedoria
Ficou famoso no mundo
É cada vez mais fecundo
Cordel tem SOCIOLOGIA
Com versos camonianos
O cordel só progrediu
Andou léguas e mais léguas
E no Brasil eclodiu
Mas no mundo digital
Seu sucesso foi geral
Muito mais EVOLUIU
02
Bons poetas de cordel
Versando literatura
No Brasil já tem demais
E cordel tem com fartura
Tem até Academia
A CASA DA POESIA
Preservando essa CULTURA
Mesmo tão evoluído
O cordel tradicional
Não mudou nem sua cara
Nem seu jeito original
Inda é muito barato
Pode ter pouco relato
Mas permanece ATUAL
E por ser sempre atual
Nunca mudou seu destino
Mesmo estando evoluído
Tem um quê bem nordestino
Com total brasilidade
Sem virar banalidade
JÁ É COISA DE GRANFINO
03
Encontrei dificuldade
Pra versar essa questão
Granfinagem em cordel
Já tem dado confusão
Granfino é gente chata
Adora fazer bravata
De tudo faz MANGAÇÃO
Nosso cordel brasileiro
Nascido na oralidade
Teve uma estrada bem longa
Do sertão até a cidade
Teve que ter paciência
Mas mesmo tendo sofrência
Virou CORDEL DE VERDADE
Contam que nosso cordel
Animava cantoria
Era cantado nas feiras
Para fazer alegria
O cantador de cordel
Nem precisava papel
Cantava com EUFORIA
04
Pelo sertão nordestino
O cordel versou São
João
Atravessou a caatinga
Para versar Lampião
Versou também Padim
Ciço
E pra mostrar mais serviço
Fez versos pro GONZAGÃO
Com seu passado tão nobre
De tanta verserjação
O cordel ficou famoso
Na cidade e no sertão
Mas foi no sul e sudeste
Com seu valor inconteste
Que ganhou mais PROJEÇÃO
Depois do sul e sudeste
O cordel não parou mais
Ganhou manchete de capas
Em revistas e jornais
Onde tem cordel pra ler
O leitor corre pra ver
SEU SUCESSO É DEMAIS
05
Cordelistas atuantes
Tem muitos pelo Brasil
Poetas e poetisas
Já tem muito mais de mil
Cordeltecas tem demais
E todas bem atuais
Cordel não carece REFIL
A leitura de cordel
Ficou tão sofisticada
Que até lá em IPANEMA
Já tem cordel na balada
O cordel já virou moda
Em brincadeiras de roda
Tem cordel pra CRIANÇADA
Todo mundo sabe bem
Que cordel é genuíno
Ninguém pode plagiá-lo
Porque ele não é surdino
Já está bem democrático
Tá ficando aristocrático
E cada vez mais GRÃ-FINO
06
Quero crer
que isso é bom
Granfinagem
mesmo chata
Enquanto está lendo cordel
Não tem tempo pra bravata
Nem pra fazer mangação
O tal cordel do sertão...
Nunca solta nem DESATA
Tem casal que vai pra praia
Levando cordel na sacola
E diz (I Love cordel)
Se mostrando bem gabola
Debaixo do guarda-sol
Ler cordel em portunhol
E pra ninguém nem dar BOLA
A madame e o bonitão
Só tomando coca-cola
Nem querem saber de banho
Ficam olhando a marola
Quando tem um arrastão
Os dois se jogam no chão
Mas do cordel não DESCOLA
07
No Apê desse casal
Tem cordel pra todo lado
Na sala, quarto e cozinha
Tem cordel dependurado
Até lá na discoteca
Imitando cordelteca
Tem cordel DESENHADO
Até o porteiro do prédio
Um nordestino danado
Também gosta de cordel
Mas só quer ler emprestado
Se a madame não empresta
Ele nem lhe faz mais festa
Fica no canto AMUADO
Essa MODA
está demais
Se assim continuar
Tem que ter muito cordel
Para o leitor sossegar
Essa leitura gostosa
De fato misteriosa
O leitor quer ler devagar
08
Finalmente minha gente
Sem ter mais o que versar
Vou ficando por aqui
Pra poder comemorar
Quem achar que é granfino
Aceite meu desatino
Vamos com TIQUIRA brindar.
PARABÉNS
PARA O CORDEL ESSA COISA TÃO GRÃ-FINA!
Fim/ Rio de Janeiro/2018
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