VASSOURAS (A cidade
dos Barões)
Quem for ler
este cordel
Por favor, preste atenção
Ele é um passatempo
E servirá de lição
Não precisa se apressar
Leia tudo devagar
E tire sua conclusão
Vassouras
linda cidade
De tão imenso valor
Para o público em geral
Sempre estivera ao dispor
Agora neste repente
De maneira diferente
Melhor será pro leitor
Pra nosso
Brasil inteiro
Este cordel vai
editar
Tudo mais que se conhece
Desse famoso lugar
Seus mistérios e suas lendas
Estórias das suas contendas
Nada mesmo irá faltar
(02)
”Por detrás
do Morro Azul
Lá na Serra
de Santana”
Foi onde nasceu Vassouras
Poderosa e soberana
Para bem se relembrar
Diz a lenda
popular
Houve até reza
cigana
O nome dessa cidade
Tem haver com (tupeiçaba)
A famosa (vassourinha)
Conhecida piaçaba
Esse arbusto
bem danado
Que existia
por todo lado
Inda tem e
não acaba
Seu legado
valioso
Tão histórico e cultural
Herança dos
cafezais
Do tempo
colonial
Será sempre
um esplendor
Pra qualquer
pesquisador
Tem valor especial
(03)
Vassouras é conhecida
Como importante lugar
Turístico e
de lazer
Muito bom pra passear
Inda tem
cheiro de roça
E cavalos com
carroça
Todo mundo vai gostar
Ela mostra a qualquer um
Seu jeito bem
surreal
Entre viver na cidade
Ou na zona rural
Sua grande diversidade
Não existe outra verdade
É sua marca como tal
Seu modelo suntuoso
Até hoje faz lembrar
O bom tempo
dos Barões
Muito mais que secular
Tudo lá é bem histórico
Às vezes até folclórico
Vale à pena visitar
(04)
O seu raro
patrimônio
De tão tamanha beleza
Pelo IPHAN já
foi tombado
Pra garantir com certeza
O valor da sua historia
Seu tempo de muita gloria
E sua fama de nobreza
Constatou-se nos anais
Que Vassouras foi
nascer
Bem no Sertão Fluminense
Ainda ruim de viver
Mas parecendo
aventura
Com total
desenvoltura
Conseguiu sobreviver
No vale do
Paraíba
No meio
daquele sertão
Tendo água e muita terra
Foi sua grande salvação
Muita água e muito sol
E o canto do rouxinol
Era bom pra plantação
(05)
Sua historia começou
Há quatro séculos passado
No Brasil
colonial
Tudo bem documentado
E toda sua trajetória
De muita gloria e vitoria
Faz parte do seu legado
De pequenino Arraial
Foi à vila e
depois cidade
Mesmo com tropeços mas
Com certa facilidade
Em pouco tempo passado
Sem nada ser apressado
Já tinha luxo e vaidade
Por volta do ano de mil
Oitocentos
trinta e três
Vassouras passou a ser
vila
Mas só tinha camponês
Só quando virou cidade
Para sua felicidade
Começou mudar de vez
(06)
Nesse tempo do passado
A Coroa
Portuguesa
Dominava tudo mais
Com sabedoria e firmeza
Ninguém
mandava em nada
A cobiça era
danada
Quem mandava era a nobreza
Essa tão clara certeza
Lembra bem esse passado
Vassouras mesmo
nasceu
Num lugar abençoado
Entre Minas,
Rio e São Paulo
Parecendo até
enjaulo
Já com destino traçado
Entre as Minas
Gerais
Até o Rio de
Janeiro
Caminhos eram abertos
Por ganância de dinheiro
O ouro era contrabandeado
Tudo era desordenado
Nessas rotas de tropeiro
(07)
Muitos problemas houvera
Com caminhos feito estrada
Os habitantes
indígenas
Nem se ligavam em nada
Nas andanças pela mata
Era usado até chibata
Houve muita trapalhada
Outro problema bem grave
Lá também foi registrado
O ouro das
Minas Gerais
Sendo contrabandeado
Bem por debaixo das matas
Entre rochedos e cascatas
Era um tropeço danado
Vassouras foi o local certo
Para ali ser instalado
Barreiras de
todo jeito
Contra o ouro
desviado
Tropeiro contrabandista
Como todo chantagista
Ficava desesperado
(08)
A Coroa
Portuguesa
Resolveu por bem fazer
Como melhor solução
Algo novo florescer
Toda aquela
redondeza
Para ter mais
fortaleza
Uma Sesmaria
foi ser
Nessa nova condição
Já começou melhorar
Francisco
Rodrigues Alves
O Sesmeiro do lugar
Trabalhava dia e noite
Até mesmo com açoite
Pra esse lugar melhorar
De certo sua grande idéia
Foi à
plantação do café
Com tanta terra adubada
Cada vez tinha mais fé
Procurou ter parceria
Sem nenhuma fantasia
Pra não arredar o pé
(09)
Escravocratas
da época
De maneira sem igual
Com suas roças de café
E com manejo infernal
Fez negro sofrer demais
Cada vez ser mais e mais
Pior que qualquer animal
Nessa época o Brasil
Fora o maior
produtor
De (grão de
café) do mundo
De tão tamanho valor
Barões e
Baronesas
Cada vez com
mais riquezas
Viviam em esplendor
Os negros sofreram muito
Na labuta do café
Os Barões
pouco ligavam
Nem tampouco davam fé
A bagunça era danada
Não tinha tempo pra nada
Nem rezar pra
São José
(10)
Muitas contendas havia
Entre
capitães do mato
E negros acorrentados
Era covardia de fato
Como sempre castigado
Tudo bem esculhambado
O negro
pagava o pato
Vassouras naquele tempo
Tivera muito
mais escravos
Que no Brasil
inteirinho
Negros bem fortes e bravos
Isso demorou
acabar
E muito menos
mudar
Houvera muitos conchavos
O escravo Manoel
Congo
Negro forte e destemido
Nas lavouras e senzalas
Fora um líder
bem querido
Para os Barões
do café
Esse negro busca-pé
Sempre fora o mais temido
(11)
Como negro inteligente
Tão preto que
nem um breu
E sempre muito temido
No tronco muito sofreu
E sem muita
explicação
Nem tampouco
uma razão
Numa senzala
morreu
Fizeram-lhe uma estátua
Pra lembrar seu sofrimento
Esse grande líder
negro
Que sofreu triste momento
Realmente foi herói
Pelo tempo que corrói
Mereceu ser
monumento
Vassouras reconstruiu
Pro povo da região
Um largo do
Pelourinho
Da escravatura de então
Que quando é visitado
Em datas de feriado
Ainda motiva emoção
(12)
Vassouras muito aprendeu
Com a cultura africana
Cultos,
danças e batuques
E mistérios
da savana
Tudo foi bem preservado
Pra nada ser renegado
Foi um aprendizado bacana
A escravatura em Vassouras
Demorou muito acabar
Os Barões daquela
época
Nem pensavam em parar
Queriam a todo preço
Como foi lá no começo
Ter mais
negros pra ajudar
Só depois da Abolição
Da Escravatura mudou
Sem mais café pra plantar
O negro comemorou
As riquezas do lugar
Sem poder continuar
Quase toda se abalou
(13)
Os Barões em
maus lençóis
Tiveram que se mexer
Tornaram-se
pecuaristas
Para não muito perder
Plantaram
pequenas roças
Venderam até
carroças
Pra melhor sobreviver
Na vida tem dessas coisas
Quando tudo degringola
Nunca é bom pra ninguém
Até Barão sempre
gabola
Procura mudar de rumo
E tentar ter um aprumo
Pra não cair na marola
Vassouras
atualmente
Enfeitando a natureza
Guarda bem o seu passado
Do seu tempo de riqueza
Tornou-se Instância
Turística
De certa
forma até mística
Preservando sua nobreza
(14)
Completa
cento e sessenta
Anos de luta na
vida
Sempre alegre e graciosa
Como tal bem divertida
Já com quase dois mil anos
Ressalvando alguns enganos
Cada vez é mais querida
Diante de tantas surpresas
Vassouras revigorou-se
Pois até seu visual
Em algo modificou-se
Sendo antiga
e graciosa
E talvez
misteriosa
Mais atraente
tornou-se
Tudo lá mudou de vez
Pra essa
donzela tão bela
Até o Rei Gonzagão
Fez um xaxado
para ela
Ela também passou a ser
Para assim permanecer
A mais linda
Florisbela
(15)
Suas famosas
Faculdades
De nível
superior
Deixa qualquer estudante
Pronto pra ser doutor
Pouco importa ser dureza
Sendo ou não na vagareza
Só importa seu valor
Sua Academia de
Letras
Como casa de
cultura
Tem famosos Imortais
De tamanha envergadura
Essa luminosa
estrela
Vale apena conhecê-la
Pra curtir literatura
Seu complexo cultural
Cada vez mais preservado
Por conta do seu turismo
É sempre bem visitado
Num trenzinho
bem legal
Parando até no sinal
Anda-se pra todo lado
(16)
Com tanta coisa pra ver
Coisas do
tempo passado
Deixa o
turista sem sono
Olhando pra todo lado
O trenzinho vai
apitando
Criançada vai gritando
E ninguém fica cansado
No percurso da viagem
Bem no centro da cidade
Fica a Praça
Campo Belo
Com total austeridade
Palmeiras
imperial
Ainda do
tempo rural
Aumenta a novidade
E Nossa
Senhora da
Conceição, cheia de
graça
Olhando para o trenzinho
Fica na frente da praça
Como
padroeira da cidade
E dona da
caridade
Protege quem ali passa
(17)
Outro passeio interessante
É conhecer
suas fazendas
Que se
tornaram Hotéis
Com cortinados de rendas
É hora de cochilar
Até mesmo relaxar
Saboreando merendas
Pra não faltar nada mesmo
Pareceu bem pertinente
Lembrar
Eufrásia Teixeira
Mulher rica e diferente
(Filha e neta
de Barões)
Sem haver
imitações
Fora muito
inteligente
Por que não tinha herdeiros
Essa diva
caridosa
Dona de tantas fortunas
Tivera sua alma bondosa
Deixou, pros necessitados
Aqueles mais
renegados
Sua herança grandiosa
(18)
Esse gesto tão louvável
Fez de
Eufrásia sua gloria
Como mulher bem guerreira
Viveu tempos de
vitoria
Como sua bela cidade
Sem sequer ter vaidade
Também ficou
na historia
A dinastia de Eufrásia
Cada vez mais secular
Motiva muito interesse
Para quem quer pesquisar
Representa muito bem
Mesmo sendo muito além
Os Barões
desse lugar
O Museu Casa da
Hera
Talvez o mais visitado
Foi residência de Eufrásia
E continua preservado
O turista
curioso
Sempre mais
atencioso
Não deve deixar de lado
(19)
Vassouras com
suas estórias
Ninguém precisa de guia
Até em bancos de praça
Em qualquer hora do dia
Tem gente pra
conversar
Ou talvez
desbilhotar
Tem muita
cidadania
Pra chegar nessa cidade
Tem serras
pra atravessar
Indo por
Paracambi
É bom ir bem devagar
Indo por
Miguel Pereira
Pode até haver ladeira
Mas também pode chegar
Como Instância
de Turismo
Que viveu tempos de gloria
Essa cidade ganhou
Mais glamour e mais vitoria
Seu passado e seu presente
Bem será eternamente
Fonte de
muita historia
(20)
Aos queridos
vassourenses
Parabéns pra
sua cidade!
Ela é bem singular
Pela sua diversidade
Não só deve como pode
(Como é uma
bela ode)
Ter imensa
vaidade
Essa cidade é
mesmo
Confirmando previsões
Uma cidade
modelo
De tantas opiniões
Uma estrela florescente
Que será eternamente
A CIDADE DOS
BARÕES.
FIM/Rio de Janeiro/set./2017
Autor: Cicero do
Maranhão
Capa: Cartão Postal de Vassouras em Xilogravura de
Erivaldo Ferreira - RJ.
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