quarta-feira, 8 de julho de 2020

Meu (septuagésimo quarto) cordel, editado em 2020. (074)



O “SOLDADO CORONEL”
        (mentiras e verdades de quartel)

Este tão “ousado Conto”
Do “soldado coronel”
Personagem bem antiga
Em folclore de quartel
Resolvi por bem contar
Neste singelo cordel

                  *
Sua “inventiva alegoria”
De criação singular
Tão bem feita pra sua capa
Nem careceu retocar
Foi feita bem a caráter
Melhor não pôde ficar
                  *
O folclore popular
Como fonte de cultura
Tem tudo pra oferecer
Por que tem literatura
Feito em versos de cordel
É sempre um show de leitura

                    (02)  

De quartel eu nada sei
Mas este tão raro conto
Que em prosa já foi contado
Agora em versos reconto
Serei preciso e conciso
Pra não mudar nem um ponto
                   *
E sem nenhum preconceito
Contra a vida militar
Nem contra quem é soldado
Este meu versificar
Espero ser instrutivo
Por quê nada vou inventar
                                   *
A carreira militar
Sempre foi bem reservada
Mas muita gente admira
Mesmo sem saber de nada
Ela tem lá suas mazelas
Mesmo assim é respeitada
                
                (03)

A rotina num quartel
Dizem que é controlada
Com escala de serviço,
Formatura e com chamada
Mas tem um “tal ordenança”
Que não quer saber de nada
                    *
Nessas “coisas de quartel”
Acredito e não duvido
Que qualquer um militar
Deva ser bem precavido
Quando faz suas falcatruas
Está sempre protegido
                   *
Suas mentiras e verdades
Nem sempre são reveladas
Permanecem “intramuros”
- Para não ser mal faladas
Pelo bem da “disciplina”
Estão sempre preservadas

                  (04)     

Pelo dito popular
Tudo que é reservado
Nem sempre é relevante
Mas convém ser preservado
(Pelo sim ou pelo não)
Qualquer um fica calado
                   *
A mentira quando é
“Camuflada” com verdades
Até dentro de um quartel
Sempre tem diversidades
E quanto mais acontece
Prolifera mais maldades
                   *
Na carreira militar
Do soldado ao coronel
Por mais difícil que seja
Todos cumprem seu papel
Tem até Regulamento
Pra punir quem for revel
                
                 (05)       

Esta minha indagação
Mais ou menos verdadeira
Todo mundo “desconfia”
Mas leva na brincadeira
Pode até não parecer
Mas é coisa brasileira
                 *
Em nações evoluídas
O cidadão militar
Consta que é respeitado
E deve ser “exemplar”
Sabe cumprir seu dever
Pra ninguém o criticar
               *
O militar brasileiro
Nem tanto é diferente
Pode não ser exemplar
Mas sabe ser exigente
Sem querer polemizar
Eu prefiro ser prudente

                (06)

Parece um tanto absurdo
Essa tal comparação
Mas se alguém não concordar
Deve ter a sua razão
Até fico satisfeito
Mas jamais vou dizer não
                  *
E pra manter a promessa
De que nada vou inventar
Já findando este cordel
Preciso me controlar
- Seguirei no mesmo rumo
Para não me atrapalhar
                 *
O “soldado coronel”
Mesmo sendo alegoria
Há de servir como crítica
De grandiosa valia
Sua imagem é tão bizarra
Que ninguém nem avalia

                  (07)

Seja lá como pareça
Ele é bem surreal
Na sua tão maldita essência
Só tem lugar para o mal
Mesmo sendo abstração
Nunca é um bom sinal
                   *
Onde quer que ele apareça
Parece bem humorado
Conversa qualquer assunto
Demonstra ser educado
Mas cochilar perto dele
Nunca é recomendado
                 *
Seu jeitão de cafajeste
E pinta de cafetão
Nem rapariga na zona
Quer lhe dar muita atenção
É um ser tão temeroso
Que parece assombração

                 (08)               
             
Mas pra não ir muito longe
Nem gastar tanto papel
Em buscar definições
Pra esse “tosco coronel”
Vou ficando por aqui
Encerrando meu cordel
                 *
Acredite quem quiser
Esta minha intuição
De versejar este conto
Só me deu satisfação
Estarei compartilhando
Em busca de opinião
                 *
Encerro com chave de ouro
E, portanto, aqui já fico
Chega de tanto versar
Pra não parecer mexerico
Temendo alguma censura
Já tô fechando meu bico.

                 FIM          

(Rio de Janeiro – julho/2020)

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